Temperatura de Injeção: Como Regular Corretamente e Resolver Problemas no Processo

A temperatura de injeção é um dos parâmetros mais críticos no processo de moldagem por injeção. Quando mal controlada, ela pode causar desde queima e deformação das peças até falhas mecânicas internas, comprometendo a qualidade, produtividade e até a vida útil do molde e do equipamento. Neste artigo, você vai aprender de forma profunda e técnica como regular, monitorar e resolver problemas relacionados à temperatura de injeção.
1. O que é Temperatura de Injeção?
A temperatura de injeção é a temperatura do polímero fundido no momento em que ele é injetado na cavidade do molde. Ela não se refere apenas à temperatura das zonas do cilindro (zonas de aquecimento), mas também ao calor gerado por cisalhamento no processo de plastificação.
📌 Atenção: A temperatura indicada no painel da máquina nem sempre reflete a real temperatura do polímero fundido. A temperatura real pode ser até 20°C maior, dependendo do tipo de material e da rotação do plastificador.
2. Zonas de Aquecimento: Como Regular
O cilindro da injetora é dividido em zonas de aquecimento, comumente:
- Zona de alimentação
- Zona de compressão
- Zona de dosagem
- Zona da ponteira (bico)
Cada zona tem função específica na plastificação do polímero e deve ser ajustada conforme o comportamento térmico do material:
Tipo de Polímero | Alimentação | Compressão | Dosagem | Ponteira |
---|---|---|---|---|
ABS | 190°C | 210°C | 230°C | 240°C |
Policarbonato | 240°C | 260°C | 280°C | 290°C |
PEBD | 160°C | 180°C | 200°C | 210°C |
POM | 170°C | 190°C | 210°C | 215°C |
⚠️ Cuidado: Evite deixar o material parado com o bico aquecido por muito tempo. Pode ocorrer degradação térmica.
3. Temperatura Real do Fundido
Para medir com precisão a temperatura real do fundido, recomenda-se o uso de um termopar do tipo baioneta ou de inserção no ponto final do cilindro ou diretamente na câmara quente.
Dica técnica:
- Use pirômetro infravermelho calibrado para materiais plásticos.
- Ou utilize sensores termopares tipo J ou K com termômetro digital de alta resposta.
4. Como Regular a Temperatura Ideal
- Identifique o polímero utilizado (consultar ficha técnica do fabricante).
- Ajuste as zonas gradualmente — normalmente da menor para a maior (efeito “rampa”).
- Evite picos abruptos de temperatura entre zonas consecutivas (máx. 20°C de diferença).
- Acompanhe a pressão de plastificação: se estiver alta, pode indicar material mal fundido.
- Verifique a consistência da massa fundida — deve estar homogênea e sem grumos.
5. Problemas Comuns Relacionados à Temperatura
Defeito | Causa Provável | Ação Corretiva |
---|---|---|
Queima (pontas pretas) | Temperatura excessiva no bico ou zona final | Reduzir temperatura e tempo de residência |
Marcas de fluxo | Temperatura muito baixa, material pouco fluido | Aumentar temperatura ou velocidade |
Bolhas internas | Gases presos devido à decomposição | Reduzir temperatura, melhorar desumidificação |
Linhas de emenda fracas | Massa com baixa fluidez | Aumentar temperatura e pressão |
Riscos e opacidade | Material parcialmente fundido | Equalizar zonas e verificar contrapressão |
6. Dicas de Ouro para Especialistas
- Não confie apenas nos números do painel. Sempre confirme a temperatura real.
- Faça pré-aquecimento gradual do cilindro para evitar choques térmicos no início da produção.
- Verifique o estado das resistências: resistências danificadas geram aquecimento irregular.
- Use material bem seco: umidade pode causar bolhas mesmo com temperatura correta.
- Analise o tempo de residência do polímero: materiais sensíveis (como POM) podem se degradar rapidamente em temperaturas elevadas.
7. Controle e Monitoramento Inteligente
Hoje, muitas máquinas injetoras possuem:
- Sensores inteligentes
- Controle de zonas por PID
- Alarmes de desvios térmicos
Use esses recursos para criar um perfil térmico estável e confiável, evitando falhas repetitivas.
Conclusão
Controlar a temperatura de injeção é muito mais do que ajustar números no painel da máquina. Envolve entendimento do comportamento térmico do polímero, monitoramento real da massa fundida, e interpretação de defeitos com olhar técnico. Com esse conhecimento aprofundado, você terá o controle total do processo, garantindo peças de qualidade superior e ciclos otimizados.
Autor: Jeckson Luiz – Técnico em Plásticos e redator do blog Plástic 360.
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