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O que é o processo de injeção de termoplásticos

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Origem e evolução histórica

O processo de injeção de termoplásticos, como conhecemos hoje, é resultado de mais de um século de evolução tecnológica na indústria do plástico.

1872 – A primeira máquina de injeção

O marco inicial ocorreu em 1872, quando os irmãos americanos John Wesley Hyatt e Isaiah Hyatt patentearam a primeira máquina de moldagem por injeção. Esse equipamento rudimentar consistia em um êmbolo manual que empurrava o material aquecido (geralmente celuloide) para dentro de um molde metálico, permitindo a fabricação de itens simples como:

  • Botões
  • Pentes
  • Bolas de bilhar
  • Peças decorativas

1940–1950 – Popularização com os termoplásticos modernos

Com o avanço da ciência dos materiais, especialmente na Segunda Guerra Mundial, surgiram os primeiros termoplásticos industriais, como o poliestireno, o PVC e o polietileno. Nessa fase:

  • A tecnologia de injeção evoluiu com sistemas hidráulicos e parafuso recíproco, substituindo o simples êmbolo.
  • A produção em massa se consolidou.
  • O processo ganhou alta velocidade, precisão e reprodutibilidade, tornando-se a base da transformação plástica moderna.

De 1960 em diante – Automação e controle

Com o desenvolvimento da eletrônica e da informática:

  • Foram introduzidos os CLPs (controladores lógicos programáveis).
  • As máquinas se tornaram mais seguras, precisas e eficientes.
  • Hoje, a indústria trabalha com injeção assistida por gás, moldes de câmara quente, servoacionamentos elétricos e robôs integrados.

O que são os termoplásticos?

Termoplásticos são polímeros que amolecem com o calor e endurecem ao esfriar, sem alterar sua estrutura química. Isso permite que sejam fundidos e reutilizados diversas vezes, diferentemente dos termofixos.

Exemplos de termoplásticos comuns:

  • PP (Polipropileno)
  • PE (Polietileno)
  • PS (Poliestireno)
  • ABS (Acrilonitrila Butadieno Estireno)
  • PC (Policarbonato)
  • PA (Poliamida)
  • POM (Poliacetal)

Cada um possui características específicas como:

  • Resistência mecânica
  • Flexibilidade
  • Transparência ou opacidade
  • Resistência térmica e química

Etapas do processo de injeção

O ciclo de injeção é composto por sete fases principais:

1. Fechamento do molde

A máquina fecha as duas metades do molde com alta força de fechamento.

2. Dosagem do material

O termoplástico granulado é alimentado por um funil e transportado por um parafuso recíproco, que o aquece e funde por atrito e calor das resistências.

3. Injeção

O parafuso avança como um êmbolo e injeta o material fundido no molde sob alta pressão.

4. Recalque

Após o preenchimento, é aplicada uma pressão de compactação (recalque) para compensar a contração da peça durante o resfriamento.

5. Resfriamento

Com o molde fechado, o sistema de refrigeração remove o calor, permitindo a solidificação da peça.

6. Abertura do molde

A máquina abre o molde automaticamente.

7. Extração da peça

Ejetores removem a peça moldada, finalizando o ciclo.


Principais componentes da máquina injetora

A máquina de injeção possui duas unidades principais:

Unidade de injeção

Responsável por plastificar e injetar o material. Contém:

  • Parafuso recíproco
  • Cilindro aquecido
  • Bico de injeção
  • Motor de rotação e avanço

Unidade de fechamento

Responsável por abrir, fechar e manter o molde travado. Inclui:

  • Platôs fixo e móvel
  • Colunas
  • Sistema de fechamento hidráulico ou elétrico
  • Ejetores

Tipos de moldes utilizados

Os moldes podem variar de simples a extremamente complexos. Os tipos mais comuns são:

  • Molde de câmara fria ou câmara quente
  • Molde de cavidade única ou múltipla
  • Molde com extração lateral (slides)
  • Molde com canal quente balanceado

Vantagens do processo de injeção

  • Alta produtividade (ciclos curtos)
  • Excelente acabamento superficial
  • Precisão dimensional
  • Baixo custo unitário em larga escala
  • Automação fácil
  • Possibilidade de reprocessamento de rebarbas

Principais aplicações da injeção de termoplásticos

A injeção é utilizada em quase todos os setores industriais:

  • Automotivo (painéis, faróis, maçanetas)
  • Eletrodomésticos (carcaças, engrenagens)
  • Embalagens (tampas, potes, frascos)
  • Eletrônicos (gabinetes, conectores)
  • Médico-hospitalar (seringas, frascos)
  • Construção civil (tubos, conexões, buchas)

Parâmetros críticos do processo

O controle dos parâmetros é essencial para a qualidade do produto. Os principais são:

  • Temperatura dos cilindros e do bico
  • Velocidade e pressão de injeção
  • Pressão e tempo de recalque
  • Tempo de resfriamento
  • Força de fechamento
  • Perfil de injeção em etapas

Esses parâmetros devem ser ajustados conforme o material, a geometria da peça e o tipo de molde.


Conclusão

O processo de injeção de termoplásticos é a espinha dorsal da indústria moderna de transformação plástica. Seu domínio técnico é essencial para garantir qualidade, produtividade e inovação. Desde a seleção correta do material até o ajuste fino da máquina, tudo influencia diretamente o sucesso da produção. A evolução do processo reflete o avanço da tecnologia e a constante busca por eficiência e sustentabilidade na indústria mundial.


Autor: Plastic 360

Jeckson Luiz é preparador e regulador de máquinas injetoras, estudante de Técnico em Plásticos e redator do blog Plástic 360, onde compartilha conhecimento técnico e prático sobre o universo dos polímeros e o dia a dia da indústria de transformação plástica

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