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Inversor de Frequência – Guia Técnico e Prático Completo 2025

Inversor de Frequência – Guia Técnico e Prático Completo 2025

1. O que é um inversor de frequência e por que usar?

O inversor de frequência (VFD – Variable Frequency Drive) é um equipamento eletrônico utilizado para controlar a velocidade de motores de corrente alternada, por meio da variação da frequência e da tensão da alimentação elétrica.

Benefícios:

  • Controle preciso da velocidade e torque do motor
  • Economia de energia elétrica
  • Partida suave, reduzindo picos de corrente
  • Aumento da vida útil de motores e componentes mecânicos
  • Integração com sistemas de automação

Aplicações:

  • Bombas centrífugas, ventiladores, exaustores
  • Esteiras transportadoras, elevadores, extrusoras
  • Compressores, prensas, tornos, injetoras

2. Componentes internos de um inversor

2.1 Retificador (AC para DC)

Converte a corrente alternada da rede em corrente contínua. Pode ser composto por diodos ou tiristores (SCR).

2.2 Barramento DC

Região intermediária com capacitores eletrolíticos de alta capacidade que armazenam energia e estabilizam a tensão.

2.3 Inversor (DC para AC)

Converte a tensão contínua do barramento em tensão alternada com frequência e tensão controladas. É formado por transistores IGBT ou MOSFETs que operam com modulação PWM.

2.4 Controle de modulação PWM

Técnica utilizada para simular uma forma de onda senoidal na saída do inversor, por meio de pulsos de largura modulada.


3. Como escolher o inversor ideal (passo a passo)

  1. Potência do motor (ex: 1,5 CV, 3 CV)
  2. Corrente nominal do motor (consultar placa)
  3. Tensão de alimentação (220V, 380V, 440V)
  4. Tipo de rede (monofásica ou trifásica)
  5. Tipo de aplicação (carga leve, média ou pesada)
  6. Presença de frenagem regenerativa ou necessidade de resistor de frenagem
  7. Necessidade de controle vetorial ou escalar
  8. Interfaces de comunicação (Modbus, Profibus, CANopen, Ethernet/IP)
  9. Grau de proteção (IP20, IP55, IP66)

4. Instalação correta

4.1 Cuidados iniciais

  • Seguir o manual do fabricante
  • Instalar filtros EMI/RFI, se necessário
  • Garantir bom aterramento
  • Utilizar cabos blindados entre o inversor e o motor
  • Distância entre o motor e o inversor não deve ultrapassar o limite recomendado

4.2 Instalação elétrica

  • Dimensionar disjuntores e cabos corretamente
  • Utilizar contator de bypass em alguns projetos (ex: partida direta em emergência)
  • Instalar resistor de frenagem, se aplicável
  • Observar polaridade de sinais analógicos e digitais

5. Configuração passo a passo

Etapa 1: Reset de fábrica

Acessar o menu de parâmetros e restaurar os valores de fábrica.

Etapa 2: Configurar os dados do motor

  • Tensão nominal
  • Corrente nominal
  • Frequência nominal (geralmente 60 Hz)
  • Fator de potência, número de polos, RPM nominal

Etapa 3: Definir frequência máxima e mínima

  • Frequência máxima (ex: 60 Hz, 80 Hz)
  • Frequência mínima (ex: 0 Hz, 10 Hz)

Etapa 4: Ajustar rampas de aceleração e desaceleração

  • Tempo em segundos para atingir a frequência desejada
  • Protege acoplamentos e engrenagens contra impactos mecânicos

Etapa 5: Escolher tipo de controle

  • Escalar (V/f): mais simples, para cargas constantes
  • Vetorial sem sensor (sensorless): bom para variações moderadas
  • Vetorial com encoder: precisão total de torque e posição

Etapa 6: Configurar entradas e saídas

  • Entradas digitais (liga/desliga, reversão, seleção de setpoint)
  • Entradas analógicas (potenciômetro, 4-20 mA, 0-10 V)
  • Saídas digitais e analógicas para feedback e alarmes

6. Parâmetros mais importantes

ParâmetroFunção principal
P01 – Frequência nominalDefine a frequência base do motor
P02 – Corrente nominalProteção contra sobrecorrente
P03 – Tempo de aceleraçãoTempo para atingir a frequência programada
P04 – Tempo de desaceleraçãoTempo de parada gradual do motor
P05 – Tipo de controleV/f, vetorial com ou sem sensor
P06 – Tensão de saídaAjuste da tensão conforme o motor
P07 – Filtro de ruídoRedução de interferência eletromagnética
P08 – Limites de frequênciaFrequência mínima e máxima permitida

7. Erros e alarmes comuns

Código de erroCausa provávelSolução sugerida
E01 – OvercurrentSobrecarga no motorVerificar carga mecânica, tempo de aceleração
E02 – OvervoltageRegeneração ou pico na redeInstalar resistor de frenagem
E03 – UndervoltageTensão de rede insuficienteVerificar fonte, cabos e conexões
E04 – OvertemperatureAlta temperatura internaLimpar filtros, melhorar ventilação
E05 – Earth faultCurto ou aterramento indevidoChecar isolação dos cabos do motor
E06 – Motor stallTorque insuficienteAjustar controle vetorial ou setpoint

8. Manutenção preventiva

  • Verificar o estado dos ventiladores internos
  • Medir tensão do barramento DC (verificar capacitores)
  • Limpeza periódica com ar comprimido seco
  • Conferência dos bornes e conectores
  • Atualizar firmware, se necessário
  • Avaliar temperatura de operação do ambiente

9. Avanços e tendências

  • Inversores com monitoramento via Wi-Fi e aplicativos móveis
  • Integração com IoT industrial para análise de dados em tempo real
  • Redução de harmônicas com filtros ativos
  • Diagnóstico remoto e preditivo
  • Controle por inteligência artificial embarcada

10. Conclusão

Dominar o uso e configuração de inversores de frequência é essencial para garantir produtividade, economia e segurança nos processos industriais. Com esse guia passo a passo, você está preparado para:

  • Selecionar o inversor adequado
  • Realizar instalações corretas
  • Configurar parâmetros críticos
  • Identificar e corrigir falhas
  • Aplicar em diferentes contextos com segurança

Jeckson Luiz é preparador e regulador de máquinas injetoras, estudante de Técnico em Plásticos e redator do blog Plástic 360, onde compartilha conhecimento técnico e prático sobre o universo dos polímeros e o dia a dia da indústria de transformação plástica

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